11/05/2025 Por Venus Anabol Off

Medicamentos para emagrecer no tratamento da pressão alta

A pressão arterial é uma medida crucial que reflete o esforço do coração para bombear o sangue através do sistema circulatório. Essa medida é normalmente apresentada em dois valores: a pressão sistólica, que corresponde à pressão durante a contração do coração ao bombear o sangue, e a pressão diastólica, que é a pressão nas artérias quando o coração relaxa entre os batimentos. Esses valores são expressos em milímetros de mercúrio (mm Hg).

A hipertensão, ou pressão arterial alta, é diagnosticada quando a pressão sistólica ultrapassa 140 mm Hg e/ou a pressão diastólica supera 90 mm Hg. Essa condição é frequentemente referida como “140 sobre 90”. Com o avanço da idade, o risco de desenvolver hipertensão aumenta consideravelmente. A hipertensão não é apenas uma condição isolada; ela está associada a um maior risco de problemas de saúde severos e potencialmente fatais, como infartos do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (AVCs).

Peso e Hipertensão

Um fator importante na gestão da hipertensão é o controle do peso corporal. As diretrizes para o tratamento da pressão alta recomendam que as pessoas mantenham um peso saudável e, quando necessário, busquem perder peso. O excesso de peso pode contribuir significativamente para o aumento da pressão arterial, e a perda de peso pode ter um impacto positivo na redução da hipertensão. Algumas pessoas podem precisar recorrer a medicamentos para auxiliar nesse processo de emagrecimento.

Objetivo da Revisão

Entre os medicamentos aprovados para a perda de peso, estão o orlistat e uma combinação de naltrexona com bupropiona. Além disso, a combinação de fentermina com topiramato é aprovada apenas nos Estados Unidos. Os pesquisadores estavam interessados em investigar se esses medicamentos para emagrecimento possuem efeitos duradouros sobre a pressão arterial e se poderiam atenuar os efeitos adversos da hipertensão na saúde das pessoas.

Características do Estudo

A equipe de pesquisadores buscou estudar os efeitos do uso de medicamentos para emagrecimento em indivíduos com hipertensão. O foco estava em como esses medicamentos influenciavam tanto a pressão arterial quanto o peso corporal. Além disso, os pesquisadores se interessaram em quantas pessoas experimentaram efeitos indesejáveis, quantas desenvolveram doenças cardiovasculares e se houve registros de mortalidade.

Os estudos analisados foram controlados aleatoriamente, o que significa que os participantes foram divididos em grupos de tratamento de forma a garantir a imparcialidade dos resultados. Esse tipo de estudo tende a fornecer evidências mais confiáveis sobre os efeitos de intervenções médicas.

Os pesquisadores avaliaram a robustez das evidências disponíveis, levando em consideração diversos fatores, como a metodologia dos estudos, o número de participantes e a consistência dos resultados entre as diferentes pesquisas.

Achados dos Autores

A revisão identificou seis estudos que envolveram um total de 12.724 participantes com hipertensão, cuja idade média variava entre 46 e 62 anos. Os estudos foram realizados nos Estados Unidos (três estudos) e na Europa (três estudos), com durações que variaram de seis meses a 28 meses. Todos os estudos compararam os efeitos do uso de medicamentos para emagrecimento com um placebo, que é uma substância sem efeito terapêutico.

Resultados Principais

Os resultados mostraram que:

– O orlistat pode levar à redução do peso e, provavelmente, também à diminuição da pressão arterial, com base em quatro estudos que envolveram 2.058 pessoas.
– A combinação de fentermina e topiramato também apresentou potencial para reduzir o peso e pode contribuir para a redução da pressão arterial, conforme evidenciado em um estudo com 1.305 participantes.
– A combinação de naltrexona e bupropiona provavelmente ajuda na redução de peso, mas a evidência sugere que pode não ter um impacto significativo na pressão arterial, conforme um estudo que incluiu 8.283 participantes.

Um dos estudos investigou o risco de mortalidade e os principais efeitos cardiovasculares adversos, mas não encontrou diferenças significativas entre o tratamento com naltrexona e bupropiona em comparação com o placebo após um período de dois anos.

Os indivíduos que utilizaram medicamentos para emagrecer relataram um maior número de efeitos colaterais em comparação àqueles que receberam placebo. Os efeitos adversos mais comuns observados foram problemas digestivos (associados ao uso de orlistat e fentermina/topiramato), boca seca e sensações de formigamento ou dormência na pele (relacionados ao uso de naltrexona e bupropiona).

Confiabilidade dos Resultados

Os resultados obtidos vêm de um número relativamente pequeno de estudos. Em algumas pesquisas, a ocorrência de eventos adversos foi baixa, o que pode limitar a generalização das conclusões. Os autores expressaram uma confiança moderada sobre os efeitos do orlistat e da combinação de naltrexona e bupropiona na perda de peso e na pressão arterial. Contudo, destacaram que os resultados podem mudar com a disponibilidade de novas evidências.

A confiança era menor em relação aos efeitos da combinação de fentermina e topiramato, bem como sobre os efeitos adversos associados ao orlistat e ao risco de eventos cardiovasculares relacionados à naltrexona com bupropiona. Portanto, é fundamental que mais pesquisas sejam realizadas para esclarecer essas questões.

Conclusões

Os medicamentos para emagrecimento podem ser eficazes na redução de peso e pressão arterial em indivíduos com hipertensão, mas é importante considerar os potenciais efeitos indesejáveis. As evidências disponíveis não foram suficientes para determinar se o uso desses medicamentos poderia reduzir a mortalidade ou a incidência de doenças cardiovasculares.

Dentre os medicamentos analisados, o orlistat, a combinação de fentermina/topiramato e a associação de naltrexona/bupropiona demonstraram reduzir o peso corporal, sendo que a magnitude do efeito foi mais acentuada com a combinação de fentermina e topiramato. Enquanto os estudos mostraram que o orlistat e a combinação de fentermina/topiramato diminuíram a pressão arterial, o mesmo não foi observado na associação de naltrexona e bupropiona.

Vale ressaltar que a Agência Europeia de Medicamentos negou a autorização de comercialização para a combinação de fentermina e topiramato devido a questões de segurança. Além disso, o lorcaserin teve seu pedido de autorização retirado devido a uma relação risco/benefício considerada negativa. Em 2020, o lorcaserin também foi retirado do mercado americano, e outros medicamentos como rimonabanto e sibutramina já haviam sido retirados anteriormente, em 2009 e 2010, respectivamente.

A importância de pesquisas contínuas não pode ser subestimada, uma vez que a hipertensão é um problema de saúde pública significativo, e a busca por tratamentos eficazes e seguros continua a ser uma prioridade na medicina moderna.