TDAH
16/02/2023 Por Anabol Loja Off

TDAH: O Que É, Sintomas, Tratamentos, Causas e Como Lidar com o Transtorno

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, conhecido pela sigla TDAH, é uma condição neurobiológica que afeta crianças, adolescentes e adultos. Caracteriza-se por sintomas persistentes de desatenção, hiperatividade e impulsividade, podendo impactar significativamente a vida escolar, profissional, social e emocional da pessoa afetada. Embora seja amplamente diagnosticado, ainda existem muitos mitos e preconceitos relacionados ao TDAH, o que torna essencial o conhecimento correto e aprofundado sobre o tema.

Neste artigo, vamos explicar o que é o TDAH, quais são suas causas, sintomas mais comuns, formas de diagnóstico, tratamentos disponíveis, efeitos colaterais de medicamentos, alternativas não medicamentosas e como conviver com o transtorno de maneira saudável.

O que é TDAH?

O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, uma condição que afeta o desenvolvimento e funcionamento do cérebro. Ele é reconhecido oficialmente por entidades médicas como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Associação Americana de Psiquiatria (APA).

Embora seja mais frequentemente identificado durante a infância, o TDAH pode persistir na vida adulta. Estima-se que cerca de 5% das crianças e adolescentes no mundo sofram do transtorno, e entre 2% a 4% dos adultos mantêm os sintomas na fase adulta.

O TDAH é dividido em três apresentações clínicas:

  1. Predominantemente desatento
  2. Predominantemente hiperativo/impulsivo
  3. Combinado (desatenção e hiperatividade/impulsividade)

Para que serve o diagnóstico do TDAH?

O diagnóstico do TDAH é essencial para que a pessoa compreenda melhor seu funcionamento mental, receba tratamento adequado e possa desenvolver estratégias para melhorar sua qualidade de vida. Com o diagnóstico correto, é possível:

  • Reduzir a frustração e o sofrimento emocional
  • Evitar prejuízos escolares ou profissionais
  • Reduzir comportamentos de risco
  • Prevenir transtornos associados como depressão, ansiedade e abuso de substâncias
  • Melhorar os relacionamentos interpessoais

Um diagnóstico precoce e preciso é o primeiro passo para a inclusão e adaptação da pessoa com TDAH à sociedade de forma mais equilibrada e justa.

Quais são os principais sintomas do TDAH?

Os sintomas podem variar conforme a idade e o tipo predominante do transtorno. Em geral, os mais observados são:

Desatenção:

  • Dificuldade de concentração em tarefas longas
  • Esquecimento de compromissos e objetos
  • Dificuldade de organização
  • Distração com estímulos externos
  • Evitar tarefas que exigem esforço mental contínuo

Hiperatividade:

  • Inquietação constante (mexer mãos, pernas, se remexer na cadeira)
  • Fala excessiva
  • Dificuldade para permanecer sentado ou parado
  • Sensação constante de urgência ou necessidade de estar em movimento

Impulsividade:

  • Interrupções frequentes em conversas ou atividades alheias
  • Dificuldade em esperar a sua vez
  • Tomada de decisões precipitadas
  • Comportamentos de risco (como direção imprudente ou compras por impulso)

Em crianças, os sintomas tendem a aparecer antes dos 12 anos de idade, com impacto significativo na escola e nas relações sociais. Em adultos, os sintomas podem aparecer como dificuldades de gestão de tempo, instabilidade no trabalho e impulsividade emocional.

Causas do TDAH

Não existe uma causa única para o TDAH, mas sim uma combinação de fatores genéticos, neurológicos e ambientais. Os principais são:

  • Genética: o TDAH tende a ocorrer em famílias. Parentes de primeiro grau têm maior chance de apresentar o transtorno.
  • Alterações neuroquímicas: estudos apontam uma deficiência nos neurotransmissores dopamina e noradrenalina em áreas do cérebro responsáveis pelo autocontrole e atenção.
  • Fatores pré-natais: consumo de álcool, tabaco ou drogas durante a gravidez, parto prematuro e baixo peso ao nascer estão associados ao risco aumentado.
  • Ambiente: situações de estresse, negligência, violência doméstica ou escolar podem agravar os sintomas, mas não causam o TDAH por si só.

Como é feito o diagnóstico do TDAH?

O diagnóstico do TDAH não é feito por exames laboratoriais ou de imagem. Ele é clínico e exige avaliação criteriosa por um profissional de saúde mental — geralmente psiquiatra, neurologista ou psicólogo. O diagnóstico inclui:

  • Entrevistas com os pais, cuidadores ou parceiros
  • Análise do histórico de comportamento desde a infância
  • Aplicação de questionários e escalas de avaliação padronizadas
  • Exclusão de outras condições com sintomas semelhantes (como transtornos de ansiedade, depressão, dificuldades de aprendizagem)

É importante lembrar que o diagnóstico precoce é fundamental, mas ele deve ser criterioso para evitar erros.

Quais os tratamentos para TDAH?

O tratamento do TDAH é multidisciplinar e individualizado. Ele pode envolver medicamentos, psicoterapia, orientação familiar, estratégias educacionais e mudanças no estilo de vida.

1. Medicação

Os medicamentos são frequentemente prescritos para controlar os sintomas. Os mais utilizados são:

  • Estimulantes: metilfenidato (Ritalina®, Concerta®), lisdexanfetamina (Venvanse®)
  • Não-estimulantes: atomoxetina (Strattera®), bupropiona, clonidina

Esses fármacos atuam nos neurotransmissores dopamina e noradrenalina, melhorando o foco, a organização e o controle dos impulsos.

Efeitos colaterais possíveis:

  • Insônia
  • Perda de apetite
  • Dor de cabeça
  • Irritabilidade
  • Aumento da pressão arterial (em casos raros)

O uso deve sempre ser prescrito e monitorado por um médico.

2. Psicoterapia

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é a mais indicada. Ela ajuda o paciente a:

  • Identificar e modificar padrões disfuncionais
  • Desenvolver estratégias de organização e foco
  • Melhorar a autoestima e o autocontrole

3. Acompanhamento escolar e profissional

É comum que pessoas com TDAH tenham dificuldades acadêmicas e profissionais. Por isso, orientações pedagógicas e ajustes no ambiente de trabalho são recomendados.

4. Mudanças no estilo de vida

  • Manter uma rotina estruturada
  • Praticar atividades físicas regularmente
  • Dormir bem
  • Reduzir o consumo de açúcar e alimentos ultraprocessados

TDAH tem cura?

O TDAH não tem cura, mas tem tratamento eficaz. Com diagnóstico precoce, apoio familiar, uso correto das medicações (quando necessárias) e acompanhamento psicológico, a maioria dos indivíduos consegue controlar os sintomas e levar uma vida plena.

Muitos adultos com TDAH conseguem sucesso pessoal e profissional, especialmente após receberem o diagnóstico e suporte adequados.

Existe alternativa ao uso de remédios?

Sim, embora os medicamentos sejam eficazes para muitos, algumas pessoas preferem ou precisam de outras abordagens. As principais alternativas incluem:

  • Psicoterapia regular
  • Coaching de habilidades
  • Técnicas de mindfulness (atenção plena)
  • Neurofeedback (em alguns casos)
  • Dietas anti-inflamatórias ou pobres em aditivos (ainda em estudo)

A decisão deve ser tomada em conjunto com o profissional de saúde.

Convivendo com o TDAH

Conviver com o TDAH exige autoconhecimento, suporte e adaptações. Com as estratégias certas, é possível transformar os desafios em pontos fortes. Muitos com TDAH são criativos, intuitivos, espontâneos e excelentes solucionadores de problemas.

É importante também combater o preconceito: o TDAH não é preguiça, falta de educação ou problema de caráter. É uma condição neurológica legítima que exige respeito e compreensão.

Conclusão

O TDAH é um transtorno real e tratável que impacta milhões de pessoas em todo o mundo. Embora seus sintomas possam causar dificuldades, com diagnóstico adequado, tratamento individualizado e apoio contínuo, é possível viver com qualidade, produtividade e equilíbrio. A informação é o primeiro passo para o acolhimento, a empatia e a construção de uma sociedade mais inclusiva.