
Exames para avaliar tireoide
A tireoide é uma glândula essencial que desempenha um papel crucial na regulação do metabolismo, no crescimento e no desenvolvimento do corpo humano. Para diagnosticar doenças que possam afetar seu funcionamento, é comum que médicos solicitem uma série de exames. Esses exames têm como objetivo avaliar o tamanho da glândula, verificar a presença de tumores e analisar a funcionalidade tireoidiana. Entre os exames mais frequentes, está a dosagem de hormônios, que são substâncias químicas produzidas pela tireoide e que têm um impacto direto na saúde geral do organismo. Os hormônios mais frequentemente avaliados incluem o TSH (Hormônio Estimulante da Tireoide), T4 livre e T3. Além disso, exames de imagem, como o ultrassom, são utilizados para detectar nódulos ou outras anomalias.
É importante ressaltar que, em certas situações, o médico pode solicitar exames mais específicos. Esses exames, como a cintilografia, biópsia ou dosagem de anticorpos, são frequentemente recomendados por endocrinologistas durante a investigação de doenças específicas, como a tireoidite ou a presença de tumores na tireoide. A seguir, detalharemos os principais tipos de exames que podem ser realizados para avaliar a saúde da tireoide e suas respectivas indicações.
1. Dosagem de hormônios da tireoide
A dosagem hormonal é um dos métodos mais eficazes para avaliar a função da tireoide. Este procedimento é geralmente realizado através de um exame de sangue, que permite ao médico observar se os níveis hormonais estão dentro dos limites normais. A análise dos hormônios tireoidianos é fundamental para identificar condições como o hipotiroidismo (quando a glândula não produz hormônios suficientes) e o hipertireoidismo (quando há produção excessiva de hormônios).
Embora os valores de referência possam variar de acordo com a idade do paciente, condições como gravidez e até mesmo o laboratório onde os exames são realizados, os intervalos gerais para os níveis hormonais da tireoide costumam ser os seguintes:
Hormônio da Tireoide | Valor de Referência |
TSH | 0,3 a 4,0 mU/L |
T3 Total | 80 a 180 ng/dl |
T3 Livre | 2,5 a 4 pg/ml |
T4 Total | 4,5 a 12,6 mg/dl |
T4 Livre | 0,9 a 1,8 ng/dl |
Após a identificação de qualquer alteração no funcionamento da tireoide, o médico pode decidir por solicitar exames complementares, como ultrassonografias ou a dosagem de anticorpos, para investigar a causa dessas anomalias. Essa etapa é crucial para o diagnóstico preciso e para definir o tratamento mais adequado.
2. Dosagem de anticorpos
Além da dosagem hormonal, é possível realizar exames de sangue para verificar a presença de anticorpos contra a tireoide. Esses anticorpos podem ser produzidos pelo sistema imunológico em resposta a doenças autoimunes, como a tireoidite de Hashimoto e a doença de Graves. A detecção desses anticorpos é fundamental para o diagnóstico e manejo dessas condições. Os principais anticorpos que podem ser analisados incluem:
- Anticorpo anti-peroxidase (anti-TPO): Este anticorpo está presente na maioria dos casos de tireoidite de Hashimoto, uma condição que causa danos às células tireoidianas e resulta em uma perda gradual da função da glândula;
- Anticorpo anti-tireoglobulina (anti-Tg): Embora frequentemente encontrado em casos de tireoidite de Hashimoto, sua presença também pode ser observada em indivíduos sem qualquer alteração tireoidiana, o que significa que a sua detecção não é um indicativo definitivo de doença;
- Anticorpo anti-receptor de TSH (anti-TRAB): Este anticorpo é comumente encontrado em casos de hipertireoidismo, especialmente quando causado pela doença de Graves.
Os médicos geralmente solicitam a análise de autoanticorpos apenas quando há alterações nos hormônios tireoidianos ou quando há suspeita de doenças tireoidianas, contribuindo assim para um diagnóstico mais claro.
3. Ultrassonografia da tireoide
A ultrassonografia da tireoide é um exame não invasivo que permite visualizar a glândula tireoide e avaliar seu tamanho, além de identificar a presença de anomalias como cistos, tumores, bócio ou nódulos. Embora a ultrassonografia não forneça informações definitivas sobre a natureza cancerosa de uma lesão, ela é extremamente útil para caracterizar os nódulos e guiar procedimentos como a punção aspirativa de nódulos ou cistos, facilitando o diagnóstico.

4. Cintilografia da tireoide
A cintilografia da tireoide é um exame que envolve a utilização de uma pequena quantidade de iodo radioativo, que é administrado ao paciente. Após a administração, uma câmara especial é utilizada para capturar imagens da tireoide e avaliar o nível de atividade de um nódulo. Este exame é especialmente indicado para investigar nódulos que são suspeitos de câncer ou quando há suspeita de hipertireoidismo causado por nódulos hiperfuncionantes, comumente conhecidos como “nódulos quentes”.
5. Biópsia da tireoide
A biópsia da tireoide, também conhecida como punção aspirativa, é um procedimento realizado para determinar se um nódulo ou cisto na tireoide é benigno ou maligno. Durante o exame, o médico utiliza uma agulha fina que é inserida no nódulo para retirar uma pequena amostra de tecido ou líquido. Essa amostra é então enviada para um laboratório, onde será analisada por patologistas.
Embora a biópsia da tireoide possa causar desconforto, ela geralmente não requer anestesia. O médico pode movimentar a agulha durante o procedimento para obter amostras de diferentes partes do nódulo ou para aspirar uma quantidade maior de líquido, caso necessário. O exame é rápido, durando em média de 10 minutos, e o paciente deve manter um curativo na área da punção por algumas horas após o procedimento.
6. Autoexame da tireoide
O autoexame da tireoide é uma prática recomendada para que as pessoas possam identificar precocemente a presença de cistos ou nódulos na glândula tireoide. Essa ação é especialmente importante para mulheres acima de 35 anos ou aquelas com histórico familiar de problemas tireoidianos. O autoexame pode ajudar na detecção precoce de alterações que, se não tratadas, podem levar a complicações mais sérias.
Para realizar o autoexame, siga estas etapas:
- Use um espelho para localizar a tireoide, que está situada logo abaixo do pomo de Adão, também conhecido como “gogó”;
- Incline levemente o pescoço para trás para expor melhor a região;
- Beba um gole de água;
- Observe a movimentação da tireoide e verifique se há alguma saliência ou assimetria.
Caso você perceba qualquer alteração durante o autoexame, é fundamental procurar um endocrinologista ou clínico geral para que exames adicionais possam ser realizados, ajudando a confirmar ou descartar possíveis problemas na tireoide.
Quando é necessário realizar exames da tireoide
Os exames da tireoide são recomendados para várias faixas etárias, mas especialmente para pessoas acima de 35 anos. Além disso, devem ser realizados em casos de sintomas suspeitos ou histórico familiar de doenças tireoidianas. Mulheres grávidas ou que desejam engravidar também devem realizar esses exames, assim como qualquer pessoa que tenha notado alterações durante um autoexame ou exame clínico da tireoide.
Adicionalmente, exames de tireoide são indicados após tratamentos com radiação para câncer no pescoço ou cabeça, e durante o uso de medicamentos que podem interferir na função tireoidiana, como Lítio, Amiodarona ou Citocinas. Essa vigilância é crucial para garantir a saúde da tireoide e evitar complicações futuras.