
Meperidina: O Que É, Para Que Serve, Como Usar, Efeitos Colaterais e Alternativas
A meperidina, também conhecida pelo nome comercial Demerol, é um medicamento da classe dos analgésicos opioides, utilizado no tratamento da dor de intensidade moderada a severa. Embora tenha sido muito popular no século XX como opção para o alívio da dor aguda e crônica, seu uso tem sido reduzido devido ao alto risco de efeitos colaterais e ao surgimento de alternativas mais seguras.
Neste artigo, você entenderá o que é a meperidina, como ela atua no organismo, em quais situações é indicada, os riscos associados ao seu uso, as precauções necessárias, exigência de receita médica, alternativas disponíveis e muito mais.
O Que É a Meperidina?
A meperidina (também chamada de petidina em alguns países) é um opioide sintético, derivado da classe da fenilpiperidina. Foi desenvolvida na década de 1930 inicialmente como antiespasmódico, mas rapidamente passou a ser utilizada como analgésico potente.
Ela atua no sistema nervoso central (SNC), ligando-se aos receptores opioides μ (mu), inibindo a transmissão dos sinais de dor e alterando a percepção da dor pelo cérebro.
Para Que Serve a Meperidina?
A meperidina é indicada principalmente para:
- Alívio da dor moderada a severa, especialmente quando outros analgésicos não são eficazes;
- Dores pós-operatórias, como alternativa à morfina;
- Dores agudas intensas, como cólicas renais ou biliares;
- Trabalho de parto, sob avaliação médica, em contextos hospitalares;
- Procedimentos médicos dolorosos, em ambiente hospitalar controlado.
Importante: a meperidina não deve ser usada para dores crônicas ou de longo prazo, especialmente por causa do risco de toxicidade acumulada e dependência.
Como a Meperidina Funciona no Corpo?
A meperidina atua como agonista do receptor opioide μ, provocando efeitos analgésicos, sedativos e antiespasmódicos. Ao se ligar a esses receptores, ela:
- Diminui a condução dos impulsos nervosos da dor;
- Altera a resposta emocional à dor;
- Produz relaxamento e leve euforia, efeito que, embora desejado em alguns casos clínicos, também eleva o risco de uso abusivo.
Sua ação analgésica começa geralmente em 10 a 15 minutos após a administração intramuscular e dura cerca de 2 a 4 horas.
Efeitos Colaterais da Meperidina
A meperidina, como todos os opioides, pode causar efeitos adversos — alguns leves e outros potencialmente graves. Os mais comuns incluem:
Efeitos colaterais frequentes:
- Náusea e vômito;
- Tontura;
- Sonolência;
- Constipação;
- Sudorese;
- Boca seca.
Efeitos graves:
- Depressão respiratória (redução da frequência respiratória);
- Confusão mental e delírios (especialmente em idosos);
- Convulsões (por acúmulo de seu metabólito tóxico, a normeperidina);
- Pressão arterial baixa;
- Dependência física e psicológica;
- Síndrome serotoninérgica (quando usada com antidepressivos serotoninérgicos).
Devido à formação de normeperidina, que não é eliminada rapidamente e possui efeito tóxico no sistema nervoso central, a meperidina não é recomendada para uso contínuo ou repetido.
Como Deve Ser Usada?
A administração da meperidina deve ser feita exclusivamente sob prescrição e supervisão médica, geralmente em hospitais ou ambientes clínicos.
Vias de administração:
- Intramuscular (IM): mais comum, de ação rápida;
- Intravenosa (IV): em situações de emergência, sob monitoramento;
- Oral (menos usada devido à baixa biodisponibilidade).
Dose típica (adultos):
- 50 a 150 mg por via IM a cada 3–4 horas, conforme necessidade e tolerância.
Duração do uso:
- Curta, geralmente limitada a 3–5 dias, para evitar toxicidade e dependência.
A Meperidina Exige Receita Médica?
Sim. A meperidina é classificada como um medicamento controlado, pertencente à Lista A1 da Portaria nº 344/1998 da Anvisa, que regula substâncias entorpecentes e psicotrópicas no Brasil.
Para comprar a meperidina, é necessário:
- Receita especial do tipo azul (notificação de receita A);
- A prescrição deve ser feita por médico autorizado, com preenchimento completo e registro profissional;
- O uso é restrito, geralmente em ambiente hospitalar.
O controle rigoroso visa evitar uso indevido, tráfico, e dependência.
Quem Não Deve Usar Meperidina?
A meperidina é contraindicada em diversas situações, incluindo:
- Hipersensibilidade à substância;
- Pacientes com insuficiência respiratória ou asma grave;
- Pessoas com epilepsia ou histórico de convulsões;
- Uso concomitante de inibidores da MAO (antidepressivos);
- Doença hepática ou renal grave;
- Idosos com risco de confusão mental ou delírio;
- Gravidez e lactação (a menos que autorizado pelo médico em casos muito específicos).
Alternativas à Meperidina
Devido à sua toxicidade potencial, várias alternativas são consideradas mais seguras e eficazes para controle da dor moderada a intensa:
Outros opioides:
- Morfina: padrão-ouro no controle da dor intensa;
- Tramadol: menos potente, mas com perfil de segurança mais favorável;
- Oxicodona: potente e disponível em formulações de liberação prolongada;
- Fentanil: usado em contextos hospitalares ou em dor crônica refratária.
Analgésicos não opioides:
- Dipirona (metamizol);
- Paracetamol;
- Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) como ibuprofeno, cetoprofeno e naproxeno.
Abordagens complementares:
- Bloqueios anestésicos;
- Fisioterapia;
- Terapias comportamentais e psicoterapia (em dor crônica).
Conclusão
A meperidina é um analgésico opioide potente, ainda utilizado em contextos específicos de dor aguda e intensa, sob supervisão médica rigorosa. Sua eficácia como analgésico é inegável, mas seu uso tem sido cada vez mais restrito devido aos efeitos colaterais graves, risco de toxicidade neurológica e potencial para dependência.
Hoje, a preferência médica recai sobre opioides com melhor perfil de segurança, como a morfina, oxicodona e tramadol. O uso da meperidina deve ser exclusivamente hospitalar e por curto período, sempre com monitoramento.
Se você sente dores intensas ou recorrentes, procure um profissional de saúde para uma avaliação completa e segura. Automedicação com opioides pode colocar sua saúde em risco.