
TDAH: O Que É, Sintomas, Tratamentos, Causas e Como Lidar com o Transtorno
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, conhecido pela sigla TDAH, é uma condição neurobiológica que afeta crianças, adolescentes e adultos. Caracteriza-se por sintomas persistentes de desatenção, hiperatividade e impulsividade, podendo impactar significativamente a vida escolar, profissional, social e emocional da pessoa afetada. Embora seja amplamente diagnosticado, ainda existem muitos mitos e preconceitos relacionados ao TDAH, o que torna essencial o conhecimento correto e aprofundado sobre o tema.
Neste artigo, vamos explicar o que é o TDAH, quais são suas causas, sintomas mais comuns, formas de diagnóstico, tratamentos disponíveis, efeitos colaterais de medicamentos, alternativas não medicamentosas e como conviver com o transtorno de maneira saudável.
O que é TDAH?
O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, uma condição que afeta o desenvolvimento e funcionamento do cérebro. Ele é reconhecido oficialmente por entidades médicas como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Associação Americana de Psiquiatria (APA).
Embora seja mais frequentemente identificado durante a infância, o TDAH pode persistir na vida adulta. Estima-se que cerca de 5% das crianças e adolescentes no mundo sofram do transtorno, e entre 2% a 4% dos adultos mantêm os sintomas na fase adulta.
O TDAH é dividido em três apresentações clínicas:
- Predominantemente desatento
- Predominantemente hiperativo/impulsivo
- Combinado (desatenção e hiperatividade/impulsividade)
Para que serve o diagnóstico do TDAH?
O diagnóstico do TDAH é essencial para que a pessoa compreenda melhor seu funcionamento mental, receba tratamento adequado e possa desenvolver estratégias para melhorar sua qualidade de vida. Com o diagnóstico correto, é possível:
- Reduzir a frustração e o sofrimento emocional
- Evitar prejuízos escolares ou profissionais
- Reduzir comportamentos de risco
- Prevenir transtornos associados como depressão, ansiedade e abuso de substâncias
- Melhorar os relacionamentos interpessoais
Um diagnóstico precoce e preciso é o primeiro passo para a inclusão e adaptação da pessoa com TDAH à sociedade de forma mais equilibrada e justa.
Quais são os principais sintomas do TDAH?
Os sintomas podem variar conforme a idade e o tipo predominante do transtorno. Em geral, os mais observados são:
Desatenção:
- Dificuldade de concentração em tarefas longas
- Esquecimento de compromissos e objetos
- Dificuldade de organização
- Distração com estímulos externos
- Evitar tarefas que exigem esforço mental contínuo
Hiperatividade:
- Inquietação constante (mexer mãos, pernas, se remexer na cadeira)
- Fala excessiva
- Dificuldade para permanecer sentado ou parado
- Sensação constante de urgência ou necessidade de estar em movimento
Impulsividade:
- Interrupções frequentes em conversas ou atividades alheias
- Dificuldade em esperar a sua vez
- Tomada de decisões precipitadas
- Comportamentos de risco (como direção imprudente ou compras por impulso)
Em crianças, os sintomas tendem a aparecer antes dos 12 anos de idade, com impacto significativo na escola e nas relações sociais. Em adultos, os sintomas podem aparecer como dificuldades de gestão de tempo, instabilidade no trabalho e impulsividade emocional.
Causas do TDAH
Não existe uma causa única para o TDAH, mas sim uma combinação de fatores genéticos, neurológicos e ambientais. Os principais são:
- Genética: o TDAH tende a ocorrer em famílias. Parentes de primeiro grau têm maior chance de apresentar o transtorno.
- Alterações neuroquímicas: estudos apontam uma deficiência nos neurotransmissores dopamina e noradrenalina em áreas do cérebro responsáveis pelo autocontrole e atenção.
- Fatores pré-natais: consumo de álcool, tabaco ou drogas durante a gravidez, parto prematuro e baixo peso ao nascer estão associados ao risco aumentado.
- Ambiente: situações de estresse, negligência, violência doméstica ou escolar podem agravar os sintomas, mas não causam o TDAH por si só.
Como é feito o diagnóstico do TDAH?
O diagnóstico do TDAH não é feito por exames laboratoriais ou de imagem. Ele é clínico e exige avaliação criteriosa por um profissional de saúde mental — geralmente psiquiatra, neurologista ou psicólogo. O diagnóstico inclui:
- Entrevistas com os pais, cuidadores ou parceiros
- Análise do histórico de comportamento desde a infância
- Aplicação de questionários e escalas de avaliação padronizadas
- Exclusão de outras condições com sintomas semelhantes (como transtornos de ansiedade, depressão, dificuldades de aprendizagem)
É importante lembrar que o diagnóstico precoce é fundamental, mas ele deve ser criterioso para evitar erros.
Quais os tratamentos para TDAH?
O tratamento do TDAH é multidisciplinar e individualizado. Ele pode envolver medicamentos, psicoterapia, orientação familiar, estratégias educacionais e mudanças no estilo de vida.
1. Medicação
Os medicamentos são frequentemente prescritos para controlar os sintomas. Os mais utilizados são:
- Estimulantes: metilfenidato (Ritalina®, Concerta®), lisdexanfetamina (Venvanse®)
- Não-estimulantes: atomoxetina (Strattera®), bupropiona, clonidina
Esses fármacos atuam nos neurotransmissores dopamina e noradrenalina, melhorando o foco, a organização e o controle dos impulsos.
Efeitos colaterais possíveis:
- Insônia
- Perda de apetite
- Dor de cabeça
- Irritabilidade
- Aumento da pressão arterial (em casos raros)
O uso deve sempre ser prescrito e monitorado por um médico.
2. Psicoterapia
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é a mais indicada. Ela ajuda o paciente a:
- Identificar e modificar padrões disfuncionais
- Desenvolver estratégias de organização e foco
- Melhorar a autoestima e o autocontrole
3. Acompanhamento escolar e profissional
É comum que pessoas com TDAH tenham dificuldades acadêmicas e profissionais. Por isso, orientações pedagógicas e ajustes no ambiente de trabalho são recomendados.
4. Mudanças no estilo de vida
- Manter uma rotina estruturada
- Praticar atividades físicas regularmente
- Dormir bem
- Reduzir o consumo de açúcar e alimentos ultraprocessados
TDAH tem cura?
O TDAH não tem cura, mas tem tratamento eficaz. Com diagnóstico precoce, apoio familiar, uso correto das medicações (quando necessárias) e acompanhamento psicológico, a maioria dos indivíduos consegue controlar os sintomas e levar uma vida plena.
Muitos adultos com TDAH conseguem sucesso pessoal e profissional, especialmente após receberem o diagnóstico e suporte adequados.
Existe alternativa ao uso de remédios?
Sim, embora os medicamentos sejam eficazes para muitos, algumas pessoas preferem ou precisam de outras abordagens. As principais alternativas incluem:
- Psicoterapia regular
- Coaching de habilidades
- Técnicas de mindfulness (atenção plena)
- Neurofeedback (em alguns casos)
- Dietas anti-inflamatórias ou pobres em aditivos (ainda em estudo)
A decisão deve ser tomada em conjunto com o profissional de saúde.
Convivendo com o TDAH
Conviver com o TDAH exige autoconhecimento, suporte e adaptações. Com as estratégias certas, é possível transformar os desafios em pontos fortes. Muitos com TDAH são criativos, intuitivos, espontâneos e excelentes solucionadores de problemas.
É importante também combater o preconceito: o TDAH não é preguiça, falta de educação ou problema de caráter. É uma condição neurológica legítima que exige respeito e compreensão.
Conclusão
O TDAH é um transtorno real e tratável que impacta milhões de pessoas em todo o mundo. Embora seus sintomas possam causar dificuldades, com diagnóstico adequado, tratamento individualizado e apoio contínuo, é possível viver com qualidade, produtividade e equilíbrio. A informação é o primeiro passo para o acolhimento, a empatia e a construção de uma sociedade mais inclusiva.